quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Queria dizer tanta coisa mas....





As vezes tenho dificuldade em expressar os meu sentimentos. Não é por vergonha de me expor mas sim pelo pouco a vontade que me sinto em relação as pessoas a quem quero dizer que amo.Trazia no rosto as marcas da vida mesmo assim era uma pessoa alegre, sempre pronto ajudar.
Começou a trabalhar muito cedo ficou órfão de pai muito jovem, como filho mais velho teve que ajudar a mãe a sustentar a casa. Levanta-se todos dias muito cedo para ir trabalhar muitas vezes ia descalço porque os sapatos gastos pelo tempo iam-se rompendo e não havia dinheiro para comprar uns novos,levava um pedaço de pão muitas vezes seco para comer ao longo do dia de trabalho. Cedo emigrou para Angola onde casou e teve filhos, ai tinha uma vida confortável ate ao dia que teve que abandonar tudo o que tinha e começar tudo do zero. De regresso a Portugal tentou novamente com que a sua vida melhora-se mas só encontrou entraves dificuldades mesmo assim nunca baixou os braços sempre lutou, nunca vi aquele homem doente, nunca o vi sem um sorriso, nunca o vi desanimado. Nasceram mais dois filhos, que vieram juntar-se as três filhas que tinham sido geradas em Angola. A vida de trabalho deste homem foi sempre árdua, mas não teve companheira à altura do seu sacrifico, nem como esposa nem como mãe. Mesmo assim os filhos estudaram ate onde foi possível, sempre foram uma família humilde, os filhos souberam sempre o que eram dificuldades e cresceram com responsabilidade de construírem um amanha melhor para eles o que aconteceu...
O homem, por fim ficou doente nunca dramatizou mesmo ao entrar no hospital para fazer quimioterapia ia sempre com um sorriso nos lábios, nunca o abandonei, sempre achei aquela força de vontade fragilizada ele queria partir mas tinha que ser à sua maneira. O que acabou por acontecer entrou no hospital e não saiu, eu sabia que nunca mais o viria vivo, mesmo assim quis fugir dali apesar daquele olhar de despedida não quis ver, a minha vontade era de sair dali o mais rapidamente possível. No dia seguinte a noticia da sua morte, chorei revoltada com tudo e todos, revoltada comigo por nunca lhe ter dito o quanto admirava, o quanto o amava e o orgulho tinha em o ter tido como Pai.
Ele não foi um grande arquitecto de renome, mas deixou grandes obras que não são conhecidas, mas sim por quem as habita.
Tenho pena e vou morrer sempre com esta magoa de não me ter despedido dele e de nunca lhe ter dito que o Amava. Hoje ele esta presente no meu pensamento tenho a certeza que partiu a sentir que eu o Adorava e vou Adorar para sempre, se tivesse-se que escolher novamente um Pai teria-o escolhido.
Tenho Saudades tuas pai...