terça-feira, 9 de novembro de 2010

"História de O" Pauline Reage


Não é um livro para mentes sensíveis. Uma fotógrafa de moda parisiense faz uma aprendizagem sexual perversa e é ensinada a estar constantemente disponível para todas as formas de sexo com vários homens, numa espécie de bordel de luxo onde é vendada, acorrentada e chicoteada. Já tem o estômago às voltas? 'O' é o diminutivo de Odile, mas também 'O' de 'orifício', de 'objecto'. Uma obra que põe os cabelos em pé à maior parte das mulheres, apesar de ter sido escrita por uma. O clássico já tem duas adaptações cinematográficas.




Enredo: (...)Com braços estendidos e os olhos fechados,ela apoiou a cabeça e o busto no sofá. Então uma imagem que tinha visto há anos atravessou. Era uma curiosa estampa que representava uma mulher de joelhos como ela, diante duma poltrona numa sala ladrilhada.Uma criança e um cachorro brincavam a uma canto, as saias da mulher estavam levantadas, e um homem de pé, bem perto,levantada sobre ela um punhado de varas. todos usavam roupas do séc. XVI e a estampa tinha um titulo que lhe parecera revoltante: A correcção familiar. René com uma das suas mãos segurou os seus pulsos enquanto com a outra levantou o seu vestido, tão alto que sentiu a gaze plissada roçar o seu rosto. Acariciava as suas nádegas e fazia Sir.Stephen observar as covinhas que as afundavam, e a suavidade do sulco entre as coxas. Depois, pressionando a sua cintura com mesma mão para salientar as nádegas, ordenou-lhe que abrisse mais os joelhos. ela obedeceu sem dizer nada.As honras que René fazia do seu corpo, as respostas que Sir. Stephen, a brutalidade dos termos que os dois homens empregavam mergulhavam-na num estado de vergonha tão violento e tão inesperado que o desejo que tinha de pertencer a Sir Stephen se desvaneceu e ela pôs-se a esperar o chicote como uma libertação, a dor e os gritos como uma justificativa. Mas as mãos de Sir. Stephen abriam o caminho do seu ventre, forçaram o sulco entre as suas nádegas, deixaram-na e voltaram, acaricia-la ate fazerem-na gemer, humilhada por estar gemendo, derrotada. "Deixo-a para Sir. Stephen", disse então René. " Fique como esta ela a dispensará quando quiser".Quantas vezes em Roissy tinha ficado assim de joelhos,oferecida a qualquer um? Mas lá, sempre amarada pelos braceletes que uniam as suas mãos, era feliz prisioneira a quem tudo era imposto, a quem nada era perguntado.Aqui era por sua própria vontade que ficava seminua, enquanto um só gesto,o mesmo que bastaria para pô-la novamente de pé, bastaria também para cobri-la. A sua promessa a prendia quanto os braceletes de couro e as correntes.Mas seria apenas a sua promessa? E por mais humilhada que estivesse,ou justamente porque estava humilhada, não haveria também a doçura de ter valor justamente pela sua própria humilhação, pela sua docilidade de curvar-se, por sua obediência em abrir-se? Com esta saída de René e Sir. Stephen tendo-o acompanhado ate a porta, O esperou sozinha sem se mexer,sentido-se na solidão, mais exposta e na espera, mais prostituída do que tinha se sentido quando estavam com ela. A seda cinza e amarela do sofá era lisa sob a sua saia, através do náilon de suas meias, sentia sob os joelhos o tapete de la alta e, ao longo da coxa esquerda, o calor da lareira - onde Sir Stephen tinha acrescentado três achas que ardiam com muito barulho. Um relógio antigo, sobre uma cômoda tinha um tiquetaque tão suave que se podia perceber quando tudo se calava em volta.O escutou atentamente e sentiu como era absurdo neste salão civilizado e discreto ficar na postura em que estava. Através das persianas ouvia-se o roncar de Paris depois da meia noite. Amanhã de manhã reconheceria na almofada do sofá, o lugar onde tinha apoiado a cabeça? Voltaria algum dia a este salão para ser tratada do mesmo modo? Sir Stephen estava demorado e O, que tinha esperado com tanta indiferença o desejo dos dois desconhecidos de Roissy, sentia a garganta apertada com a ideia em que um minuto, em dez minutos ele novamente poria as suas mãos sobre ela.Mas não aconteceu exactamente como previa.Ouvi quando abria a porta e atravessava a sala. Ficou por um tempo de pé de costas para o fogo, observado O;depois numa voz muito baixa disse-lhe para se levantar e sentar novamente. Surpresa e quase constrangida, obedeceu. Ele lhe trouxe delicadamente um copo de uísque e um cigarro, que ela recusou.Viu então que ele vestia um roupão muito sóbrio, em popeline cinza - do mesmo cinza dos seus cabelos.Suas mãos eram longas e secas, e as unhas planas,cortadas curtas muito brancas. Nesse momento Sir. Stephen surpreendeu o olhar de O, que corou,eram bem estas mesmas mãos, duras e insistentes, que tinham apoderado do seu corpo e que agora ela temia e esperava.Mas ele não se aproximava. " Gostaria que fica-se nua", disse."Mas antes desbotoe só o casaco sem se levantar". O desbotoou as grandes fivelas douradas e fez cair de seus ombros o agasalho negro que colocou na ponta do sofá, onde já se encontrava a sua pele,as suas luvas e a sua bolsa." Acaricie um pouco o bico dos seios", disse então Sir Stephen acrescentado: " vai precisar de uma maquilhagem mais escura esta é muito clara".Perplexa O roçou o bico dos seios com a ponta dos dedos e ao sentir que endureceram e se levantaram, escondeu-os com as palmas: " AH não", disse Sir Stephen; e retirou as suas mãos, inclinando-as para traz, sobre o sofá; seus seios eram pesados para o busto delicado e afastaram-se levemente par as axilas. Tinha a nuca apoiada no encosto, as mãos do lado dos quadris. Porque Sir. Stephen não aproximava sua boca, porque não estendia a mão para os bicos que desejou ver levantados e que ela sentia tremer por mais imóvel que ficasse, só com o movimento da respiração? Mas ele tinha-se aproximado e sentado meio de lado no braço do sofá, não a tocava.Fumava, e um movimento de sua mão que O se foi ou não voluntário, fez voar um pouco de cinza quase quente entre seus seios. O teve o sentimento que ele queria insulta-la, com o seu desdém, com o seu silêncio, com o desprendimento que havia na sua atenção. No entanto à pouco desejava; poderia perceber isso sobre o tecido leve do seu roupão. Porque não a possuía nem que fosse para feri-la? O detestou-se pelo seu próprio desejo, e detestou Sir. Stephen pelo domínio que tinha sobre si mesmo. Queria que ele a amasse, esta é a verdade: que ficasse impaciente por tocar os seus lábios e penetrasse o seu corpo, que a destruísse se fosse necessário,mas que não pudesse, diante dela guardar a calma e dominar o seu prazer.Era-lhe indiferente,em Roissy que aqueles que se serviam dela tivessem qualquer sentimento que fosse; eram apenas instrumentos através dos quais seu amante tinham prazer com ela, pelos quais ela se tornava o que quisesse, polida, lisa e doce como um pedra. Todas as mãos eram as suas, todas as ordens,as suas ordens.Aqui não.René tinha-a entregue a Sir. Stephen, mas via-se bem que não era porque quisesse obter mais dela, nem pela alegria de entrega-la,mas para compartilhar o que mais amava, agora, com Sir. Stephen, como sem duvida antigamente quando eram mais jovens tinham compartilhado uma viagem, um barco ou um cavalo. Era com Sir. Stephen que tinha sentido compartilhar, muito mais do com relação a ela. O que cada um procuraria nela, seria a marca do outro,o traço da passagem do outro. Um momento antes, quando a mantinha de joelhos seminua, apoiada nele, enquanto Sir. Stephen com as duas mãos abria as suas coxas,René tinha explicado a Sir. Stephen por que o acesso às suas nádegas de O era tão fácil porque tinha ficado tão contente por terem-na preparado dessa maneira: era se lembrava que seria agradável para Sir. Stephen ter, constantemente à sua disposição o caminho que mais lhe agradava.Chegou acrescentar que, se quisesse lhe deixar-lhe-ia esse caminho para seu uso exclusivo. "Ah com muito gosto", dissera Sir. Stephen observando que apesar de tudo ainda corria o risco de rasgar O. " O lhe pertence", respondera René; e inclinado-se para ela tinha-lhe beijado as mãos.Só a ideia que René poderia assim considerar a possibilidade de se privar de alguma parte sua deixara O transtornada.Viu nisto um sinal que seu amante importava-se mais com Sir. Stephen do que com ela.E percebeu também que embora René tivesse repetido que amava nela o objecto em que a tinha transformado, a sua total disponibilidade e a liberdade que sentia em relação a ela- como se possuí um imóvel com o qual se tem mais prazer dando do que guardando-o para si - nunca tinha acreditado totalmente nisso. Via ainda outro sinal do que não podia ser outra coisa que uma deferência para com Sir. Stephen no fato que René,que amava tão profundamente vê-la sob os corpos ou os golpes de outros, que olhava com ternura tão incansável sua boca abrir para gemer ou gritar, os seus olhos fecharam-se sobre as lágrimas,tinha-a entretanto deixado, depois de assegurar-se ao expô-la, abrindo-a abrindo como se abre a boca dum cavalo para mostrar que é bastante jovem, que Sir. Stephen achava suficientemente bela,ou, a rigor, o suficientemente cômoda para ele e que quisesse aceita-la.No entanto este comportamento,ultrajante talvez,não mudava nada no amor de O por René. sentia-se feliz por contar para ele, o suficiente para que sentisse prazer em ultrajá-la. Mas em Sir. Stephen adivinhava um vontade firme gélida que o desejo não dobraria , e diante da qual até agora, por mais comovente e submissa que fosse, não significava absolutamente nada. Se não fosse assim porque teria sentido tanto medo? O chicote dos criados de Roissy, as correntes que quase sempre carregava menos assustadoras do que a tranquilidade com que Sir. Setphen olhava seus seios sem toca-los. Sabia como pareciam frágeis, assim pesados, lisos e inchados nos ombros pequenos e no busto delicado. Não s conseguia parar de tremer, seria necessário parar de respirar. esperar essa fragilidade desarmante de Sir. Stephen seria inútil e sabia muito bem que era justamente o contrario que acontecia: sua doçura assim oferecida atraía tanto os ferimentos como as carícias, tanto as unhas como os lábios. teve um momento de ilusão: a mão direita de Sir. Stephen que segurava o cigarro roçou com a ponta do dedo médio o bico dum seio, que obedeceu e tornou-se ainda mais duro. que representava para Sir. Stephen apenas uma espécie de jogo, uma verificação, como se verifica a excelência de um bom mecanismo, O não tinha dúvidas. sem tirar o braço de sua poltrona, Sir. Stephen disse-lhe então para tirar a roupa. Nas mãos húmidas de O os colchetes escorregavam e teve de começar duas vezes a desabotoar, sob a saia, a anágua de seda preta. quando enfim ficou totalmente nua só com as sandálias de verniz e meias de náilon enroladas a cima do joelho sublinhando a delicadeza de suas pernas, e a brancura de suas coxas, Sir. Stephen que também se levantara, segurou-a com uma das mãos dentro do seu ventre e empurrou-a para o sofá: Fez com que ficasse de joelhos com as costas encostadas nos sofá e mandou que abrisse um pouco mais as coxas para apoiar mais perto dos ombros do que da cintura. As mãos de O repousavam junto aos tornozelos e desse modo o seu ventre fica entreaberto, e sobre os seios oferecidos,o seu pescoço inclinava-se para trás. Não ousava olhar Sir. Stephen no rosto, mas via as suas mãos que desamarravam o cinto do roupão. Quando foi para cima dela, sempre ajoelhada, segurando-a pela nuca, penetrou em sua boca. Não era carícia de seus lábios que procurava, mas o fundo de sua garganta. Penetrou-a durante muito tempo; O sentia inchar-se e endurecer nela a mordaça de carne que a sufocava e cujo choque lento e repetitivo arrancavam-lhe lágrimas. Para melhor a penetrar Sir. Stephen tinha acabado de pôr de joelhos sobre o sofá, de ambos os lados de seu rosto,e por instantes suas nádegas repousavam no peito de O, sentia queimar o seu ventre inútil e desprezado. Por mais tempo que assim estivesse se deleitando, não acabou entretanto o seu prazer, mas retirou-se em silêncio, ficando de pé sem fechar o roupão. "Você é fácil O", disse-lhe. Ama René, mas é fácil. René percebe que deseja todos os homens que a querem e que levando-a para Roissy e entregando-a a outros dá-lhe tanto álibi quanto a sua própria facilidade?" "Amo René",respondeu O. " Ama René, mas esse desejo por mim entre outros", continuou Sir. Stephen. Sim tinha desejo por ele, mas e se René ao saber disso mudasse? Podia apenas calar-se baixar os olhos, pois o seu olhar nos olhos de Sir. Stephen já teria sido um confissão. Sir. Stephen , inclinou-se então, para ela e, segurando-a pelos ombros, puxou-a para o tapete. Deu por si de costas. Com as pernas levantadas e dobradas sobre o corpo. Sir Stephen tinha-se sentado no sofá, no mesmo lugar em que um momento antes estivera apoiada, segurou o seu joelho direito e puxou-o para si. Como se encontrasse na frente da chaminé, a luz da lareira bem próxima,iluminava violentamente o duplo sulco, totalmente aberto do seu ventre e suas nádegas. Sem larga-la Sir. Stephen ordenou-lhe bruscamente que se acaricia-se mas sem fechar as pernas. Perturbada, O estendeu dolcimente a sua mão direita sob o ventre, encontrando com os dedos, já liberada com os pelos que a protegiam, já ardente, aresta de carne onde se reunião os frágeis lábios de seu ventre. Mas sua mão caiu e balbuciou " Não posso". E,com efeito não podia. Nunca se tinha acariciado, a não ser furtivamente no calor e na obscuridade da sua cama quando dormia sozinha, sem nunca entretanto buscar o prazer até ao fim. Mas às vezes encontrava-o mais tarde em sonhos e despertava decepcionada de que tivesse sido tão forte e tão fugaz. O olhar de Sir. Stephen insistia. Não pôde suporta-lo e, repetindo " não posso", fechou os olhos. O que revia, de que nao conseguia fugir,e que lhe dava mesma vertigem de repulsa de todas as vezes que o testemunhara, quando tinha quinze anos, era Marion, com a perna sobre braço da poltrona e a cabeça meio pendente sobre o outro braço, acariciando e gemendo na sua frente. Marion contara-lhe que um dia tinha-se acariciado assim no escritório, pensando estar sozinha, e que o chefe o de seu serviço tinha entrado de imprevisto e a tinha surpreendido. O lembrava-se do escritório de Marion, um ambiente nu de paredes de tom verde-pálido, que recebi a luz do dia vinda de norte, através dos vidros empoeirados. Só havia ali uma única poltrona destinada aos visitantes e que ficava na frente da mesa. " Você fugiu", tinha-lhe perguntado O. " Não", respondeu Marion," ele pediu-me para recomeçar, mas fechou a porta, fez-me tirar as calcinhas, e empurrou a poltrona para perto da janela". O tinha-se sentido invadida de admiração pelo que considerava ser coragem da Marion, e ao mesmo tempo de horror,recusando ferozmente acariciar-se diante de Marion, e jurando que nunca, nunca se acariciaria na frente de ninguém. Mas Marion , rindo dissera, " Você vai ver quando seu amante lhe pedir". René Nunca lhe tinha pedido. Teria obedecido?Ah! Certamente , mas com que terror de ver surgir nos olhos de René a mesma repulsa que ela própria sentira diante de Marion! O que era absurdo; e se fosse Sir. Stephen? Mas não, não podia. Pela terceira vez murmurou " não posso". Por mais baixo que tivesse falado ele a escutou e, deixando-a, levantou e fechou o seu roupão e ordenou a O que se levantasse. " É esta a sua obediência?", disse. Depois, com a mão esquerda segurou os seus punhos e com a mão direita esbofeteou-a com toda a força. Ela cambaleou e teria caído se ele nao a tivesse segurado. " Fique de joelhos , e me escute",disse, " temo que René a tenha educado muito mal". Sempre obedeço a René", balbuciou. " Você confunde amor e obediência. Vai obedecer-me sem me amar e sem que eu a ame". O sentiu-se tomada da mais estranha revolta negando em silêncio no interior de si mesma as palavras que ouvia, negando seu próprio consentimento, seu desejo , sua nudez, seu suor, suas pernas trémulas e as olheiras dos seus olhos. Debateu-se, cerrando os dentes de raiva, quando fazendo-a curvar-se, ou melhor, prosternar-se, com os cotovelos no chão e a cabeça entre os braços e levantando-a pelos quadris, Sir. Stephen forçou entre suas nádegas para rasga-la como dissera a René que o faria. Da primeira vez ela não gritou. Recomeçando mais brutalmente, ele fez com que gritasse. E todas as vezes que ele se retirava e voltava, portanto, todas as vezes que decidia, ela gritava. Gritava tanto de dor como de revolta, e ele não se enganava a esse respeito. E ela também o sabia, e isso significava que de qualquer forma estava vencida e ele estava contente por obriga-la a gritar. Quando terminou começou a preparar-se para dispensa-la, enquanto observava que tinha ejaculado ao sair e iria atingir-se com o sangue do ferimento que tinha feito, que este ferimento a queimaria enquanto não tivesse acostumado e que continuaria a forçar a passagem. Certamente não iria privar-se deste uso dela que René lhe tinha reservado, portanto não podia esperar ser poupada. lembrou-se que tinha consentido em ser escrava de René e sua, mas que lhe parecia improvável que soubesse com todo o conhecimento de causa em que se tinha engajado. quando finalmente compreendesse, seria tarde demais para escapar (...)

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